A
vivência do abandono e da rejeição é uma das experiências mais
deletérias na vida de um ser humano. Não existe nada pior e mais triste
do que não sentir-se merecedor do amor, do carinho e da atenção daqueles
que nos trazem a esse mundo. Tanto o abandono físico, como o abandono
emocional traduzido pela rejeição do que e de quem somos, marca o ser
humano pelo resto de sua vida. Os que "sobrevivem"
ao vazio emocional que instalou-se no seu coração, seguem através da
vida tentando "compensar" e lidar com sua dor das mais diversas
maneiras. Os mais resilientes são melhor sucedidos, ao passo que os
psicológicamente mais frágeis, tornam o seu viver uma eterna procura de
alguém ou algo que preencha o seu vazio existencial. Imaginem o que é a
vida de um ser humano que é rejeitado e "abandonado" não só por sua
família, mas por toda uma sociedade, privado dos seus mais elementares
direitos de ser humano e de cidadão? Você, que é "privilegiado/a" por
usufruir de todas as benesses sociais, tente fazer um exercicio:
coloque-se no lugar imaginário daqueles e daquelas que não tem nada ou
muito pouco desse minimo necessário para simplesmente existir e viver.
Espero que sinta-se extremamente mal, abandonado, rejeitado, motivo de
piada, solitário e desrespeitado nos seus direitos mais básicos pelos
que se consideram "normais". Você poderá, talvez, vislumbrar de muito
longe como se sentem as vitimas do preconceito e do estigma que fustiga a
nossa sociedade."